8 de março – Dia Internacional da Mulher

Alinhavos e costuras: novos rumos na linha do tempo feminino

O dia Internacional da Mulher é comemorado mundialmente no dia 8 de março. Esta data é marcada por protestos, eventos e comemorações. Vale lembrar que alguns movimentos históricos relatam as lutas promovidos pelas operárias que colaboraram para instituir março como mês da mulher e o dia 8 como o Dia Internacional da Mulher no final do século 19 e começo do século 20. Estas iniciativas marcaram uma trajetória de reivindicações e conquistas pelos direitos sociais e livre exercício, civis e políticos das mulheres que se estendem até os dias de hoje em movimentos ininterruptos antes mesmo deste dia ser instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, como um evento internacional.

Em 1857, no dia 8 de março, uma greve parou uma indústria têxtil em Nova York (EUA), por uma semana. A fábrica era composta por duzentas que trabalhavam dezesseis horas diárias e ganhavam quatorze dólares semanais, em ambiente insalubre e hostil, onde eram vítimas de abuso e assédio sexual, além do recrutamento do trabalho infantil. Os relatos contam que as manifestantes foram duramente reprimidas pela polícia durante o protesto.

Em 1911, uma nova greve em 25 de março terminou com a morte de 146 pessoas (mais de 100 mulheres) após um incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company.

 Em 1917, as russas vão às ruas contra a guerra, aproximadamente 90 mil mulheres russas foram às ruas com o lema “paz e pão”, pedindo comida para seus filhos e o retorno dos maridos das trincheiras.

Estes episódios entre outros alinhavaram o início de um longo percurso, um alerta, um despertar consciente da força, do lugar que cada mulher ocupa e quer estar em seus diferentes contextos e funções.

O que mudou de lá para cá?

Quem eram aquelas mulheres, em meio o recinto insalubre após extenuantes horas diárias de trabalho, uma vez que o tempo as descrevia entre sonetos e canções um discurso antagônico e um perfil ideal com patéticos adjetivos?

Se pudéssemos voltar no tempo, agradecer e contar a essas mulheres que hoje são representadas por diferentes segmentos mundiais e locais. O que elas diriam ao saber que hoje as mulheres votam, governam países, estados e municípios, tem uma média mundial de escolaridade maior do que a dos homens, que estão amplamente inseridas no mercado de trabalho, que participam de debates com idades variadas nas escolas, universidades, comunidades em encontros para discutir as necessidades do mundo feminino? E que as conquistas foram além disso, por meio de políticas públicas, como a licença maternidade, a redução da carga horária de trabalho para amamentação, creche em locais de trabalho, acesso a métodos contraceptivos, que revolucionou os costumes e a liberdade sexual, a lei do divórcio, leis que potencializam e instrumentalizam a defesa da mulher contra o feminicídio, violência doméstica  com a chegada da delegacia da mulher e o distanciamento do agressor, entre outras situações que atingem e afligem as mulheres?

É claro, que ainda temos muito trabalho pela frente, e que mesmo com todas estas e outras melhorias alcançadas, é essencial recordar as discussões de gênero e igualdade no mundo do trabalho e social, que além de afetar as mulheres brancas, oprime e humilha mulheres negras, as variações do colorismo e outras etnias, que sobrevivem subjugadas a dois preconceitos, de raça e de gênero sendo assim relegadas e distantes de inúmeros segmentos de direitos.

Á medida que se enxerga o público feminino faz-se necessário a conscientização sobre os preconceitos que se reproduzem incessantemente e alimentam estereótipos que as mantêm subalternizadas e inferiorizadas pela sociedade sob cunho conservador de ordem, vigília e controle. O sentimento de ameaça de perda do poder masculino, aparece em pele de cordeiro com invólucro de falsos cuidados pelo estado, se reproduz e anestesia a sociedade e normatiza as indiferenças.

A contemporaneidade oportuniza a novas falas e práticas e clama por mudanças, faz um convite para nos debruçarmos sobre as costuras e arremates dos novos desafios do cenário atual, a conciliar forças em busca de avanços pela igualdade entre homens e mulheres, que embora caminhem a passos lentos, ainda estão no nosso horizonte. Seguimos em frente não para estar à frente, e sim lado a lado.

Feliz dia a todas as mulheres!

Juntas somos mais fortes e chegaremos cada dia mais longe.

Referências:
https://www.futura.org.br/as-conquistas-das-mulheres-ao-longo-da-historia/#:~:text=Confira%20a%20linha%20do%20tempo%20com%20as%20principais,a%20Lei%20do%20Div%C3%B3rcio.%20…%20Mais%20itens…%20
Leia mais em: https://forbes.com.br/forbes-mulher/2022/03/dia-internacional-da-mulher-as-verdadeiras-historias-por-tras-do-8-de-marco/

https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/direitos-femininos-uma-luta-por-igualdade-e-direitos-civis.htm https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&id=27349

Luciana Schmitt Silva

Terapeuta de casais e famílias, psicóloga clínica, psicopedagoga, pedagoga, membro associada da Associação de Terapia de Família do Rio de Janeiro(ATF_RJ).