Quando decidi estudar Psicologia não fazia ideia de como tudo se desenrolaria.
Filosofia, percurso da Psicologia até ser reconhecida como ciência, linhas teóricas, avaliação psicológica. Quantas matérias interessantes e instigantes. Enfim, um mundo novo e mágico, bem diferente à minha primeira graduação baseada em números, cálculos e algoritmos.
Esse novo mundo me instigou a procurar saber mais e mais. Cada linha teórica apresentada me deslumbrava. Maravilhava-me a cada período estudado. Até que chegou o momento em que tive que escolher a linha teórica para poder atender no SPA (Serviço de Psicologia Aplicada). Existe uma máxima que é passada para os estudantes de psicologia: O estudante de psicologia não escolhe a linha teórica que vai seguir, é a linha teórica que o escolhe. Posso dizer que, de certa forma, é verdade. Todas são fundamentadas em teorias que validam seus resultados, mas nem todas combinam com a nossa maneira de observar e viver a vida.
A minha passagem pelo SPA da faculdade foi muito importante, marcante e decisiva para a minha vida como Psicóloga. Psicóloga com ‘p’ maiúsculo pois representa o meu orgulho pela profissão que escolhi seguir. Passar pela experiência de atender no SPA é uma exigência curricular mesmo para quem não for seguir na clínica. No meu caso serviu para confirmar a minha opção pela clínica e foi fundamental para perceber que ainda tinha muito a aprender e complementar os meus estudos. Não só na linha teórica escolhida, mas para além dela.
Durante as supervisões do SPA levei a minha inquietude nos atendimentos e a minha supervisora prontamente me acolheu, orientou e liberou me para colocar e trazer o que eu precisava para me sentir mais segura nos atendimentos: a família. Até aquele momento eu não tinha ouvido falar em Terapia Sistêmica Familiar, mas percebi que precisava de mais informações, de uma visão mais ampla até mesmo de uma nova perspectiva. Com essa experiência observei que o que era trazido, falado pelos familiares muitas vezes auxiliava, não só a mim, mas ao cliente a ter uma visão mais ampla do contexto.
Eu não esperei colar grau para procurar uma formação em Terapia Sistêmica Familiar. Ao longo da formação, várias Escolas de Terapia Familiar foram apresentadas. Só que diferentemente da graduação não foi necessário escolher uma específica para me especializar. Na formação aprendi que qualquer uma das técnicas desenvolvidas por essas Escolas pode ser utilizadas no atendimento de família, casal ou individual o que me auxiliou a observá-los de diferentes perspectivas.
Com essa visão Sistêmica, todo atendimento individual, de casal ou de família, me conduz a revisitar minha história e de minha família. Seja por ressonâncias, seja pela ausência delas. Esse é um exercício contínuo de observação e trabalho do meu Self através do acolhimento das histórias das famílias. Por isso, agradeço a todos os meus clientes, os que foram, os que são e os que serão, pela oportunidade de poder auxiliá-los nas suas demandas e de me proporcionarem a possibilidade de trabalhar o meu Self.
O passo seguinte e importante na minha caminhada foi a associação à ATF-RJ, Associação de Terapia de Família do Rio de Janeiro. Ela tem papel fundamental na divulgação da Terapia de Família, na troca de experiências entre os associados, no atendimento social e durante a pandemia se destacou no acolhimento entre os associados.
Hoje, quando relembro minha trajetória com a Psicologia, percebo que fiz a escolha certa pois não consigo me imaginar fazendo algo diferente. Tenho muito orgulho de ser Psicóloga Sistêmica Familiar em constante construção e crescimento.
Maria del Carmen Touriño Flores de Seixas
( Carmen Seixas )
Psicóloga clínica com formação em Terapia Sistêmica Familiar, especialização em Psicodrama, pós-graduação em Hipnose, em Neuropsicologia e em Psicologia Positiva e Coach.