Dia dos Pais e da Paternidade

Se tentarmos imaginar a partir do lugar da criança, (…), família seria um conjunto de pessoas, composta por um ou mais adultos, com funções mais ou menos especificadas e discriminadas por seus nomes, que constituem diferentes tipos de relação: quem alimenta, quem dá ordens, quem acalma os medos, quem alivia a dor, quem aceita e interpreta as comunicações – choro e outras expressões – quem obedece quem, quais as regras de participação de cada um etc.

Cruz, Helena Maffei.
Família é quem cuida de mim:
narrativas de identidade de jovens adultos criados em abrigo.
Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2008.

Ao se aproximar o Dia dos Pais, começamos a discutir entre nós sobre as complexidades de se comemorar a data:

Como se sentem as crianças que não desfrutam do convívio com a figura paterna?

E aquelas cujos pais já faleceram?

Ou, ainda, crianças cujos pais lhes negaram até mesmo o reconhecimento formal?

As reflexões que se seguem não negam a importância dessa discussão, mas buscam aprofundá-las ampliando seu alcance ao próprio conceito e à vivência da paternidade, seja por parte dos filhos, seja pelos próprios pais.

Afinal, em 2021, pelo quarto ano consecutivo, aumentou o número de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento: foram quase cem mil!

Segundo o IBGE, neste ano de 2022, existem no Brasil 11 milhões de “mães solo”. E cerca de 4% de “pais solo”.

Ao mesmo tempo, em muitas famílias, os papéis de pai estão ocupados, não apenas, formalmente, mas com uma presença de qualidade, por avôs, tios, irmãos, padrastos e outros que fazem a diferença na vida das crianças e das suas mães.

Ao nos aproximarmos do Dia dos Pais, muitos de nós questionamos se é uma data a ser festejada.

Os questionamentos acerca dos aspectos comerciais não são nossa motivação maior aqui, embora pudessem ser…

Como uma Associação que estuda e cuida de Famílias, não queremos reforçar as experiências de ausência, embora saibamos que elas existem e que precisamos lutar social e politicamente por sua superação.

Mas queremos destacar as vivências de presença cuidadosa, sejam elas proporcionadas por mães ou pais solo, pelos padrastos, tios, avôs e pais que, em diferentes modelos de família, assumem esse lugar e essa função.

Viva o Dia da Paternidade!

Parabéns aos que a exercem!