Dia Internacional dos povos Indígenas

Em 1995, o primeiro índio chegou à sede da ONU (Organização das Nações Unidas). 

O Dia Internacional dos Povos Indígenas, 09 de agosto, foi criado por essa entidade para que os artigos contidos na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas fossem reafirmados, assegurando a integridade física e a liberdade religiosa deles, reconhecendo suas tradições e contribuições culturais, dando-lhes garantia ao direito de permanecerem em seus territórios, sem sofrer ameaças e tentativas de remoção forçada. Passam assim a ter direito de colocar em seus documentos sua origem e etnia, fortalecendo a melhoria de seu processo educacional, para que não seja necessário enfrentarem tantas dificuldades para aprender. 

As famílias de tribos que estão distantes das cidades precisam dar a seus curumins acesso ao aprendizado escolar, para que esses se preparem para, no futuro, colaborarem com suas etnias de origem, defendendo seus espaços, cultura e memórias. 

De muita importância são as escolas estarem construídas dentro da própria comunidade e com material pedagógico compatível àquela realidade. Conservar a essência de suas tradições e histórias é fundamental, bem como ter professores que conheçam e saibam trabalhar com e para a comunidade indígena, tendo preparo pedagógico especializado na cultura desses povos. 

De modo geral, os ditos “diferentes”, pelos ditos “brancos civilizados”, e numa sociedade autoproclamada globalizada, ainda sofrem preconceitos por sua cor e escutam piadas que sempre têm um teor de os desvalorizar e inferiorizar. A mãe terra dos brasileiros é indígena e nos dá a inserção e pertencimento ao território nacional. Nosso pai foi o colonizador branco que abandona seus filhos, e tira deles seus pertences e sua tradição. Que o mundo possa abrir as lentes da sabedoria, para que a população atual valorize sua herança materna, resgatando o respeito, valor e a dignidade à Terra Brasillis é o que se pede ao comemorarmos essa data de profundo valor. 

Como terapeutas de família busquemos apreender, reconhecer e assegurar nossa natureza primordial. Oriundos da “mãe indígena” sermos capazes de acolher as diferenças e as surpresas que as famílias trazem aos nossos consultórios, sem termos a pretensão de as “salvar”, mas sim de desenvolver sua capacidade resiliente de superação à paralisação emocional que atravessa. Tal como os ancestrais indígenas, se propuserem: resistir aos propósitos do colonizador, sem perder a memória de sua natureza e força ancestral.

Suely Engelhard

Associada ATF-RJ