A história de terapia de família começou na minha vida com o encontro da minha família nuclear no processo terapêutico em 1986. Eu estava recém separada com três filhos crianças ainda e uma grande confusão. Não havia dúvida da decisão que havia tomado, mas não estava sabendo como lidar com a situação. Cada dia eu elegia um filho para terapia, o que rapidamente me fez ver e entender que quem precisava de terapia era a família. Na ocasião meus atendimentos eram com psicoterapia corporal reichiana. Fazia terapia também nessa linha, então conversei com minha terapeuta sobre meu desejo de procurar a terapia familiar. Ela me indicou e logo começamos o processo em terapia familiar sistêmica. Diagnóstico foi certeiro: organizar a família uniparental. Ao longo do processo terapêutico a tensão familiar foi diminuindo e eu tive a certeza de que queria estudar mais. Acabando meu processo comecei a formação na Núcleo Pesquisa com Moisés Groisman.
Como terapeuta de família não poderia deixar de contar um pouco da minha trajetória/pessoal profissional. Venho de uma família onde as mulheres eram educadoras. Seguindo os mandatos familiares. Minha primeira formação foi em educação, me formei em professora pré-escolar e, posteriormente, em pedagogia. Mas meu afã por novos conhecimentos me levou à formação em psicomotricidade, para melhor trabalhar com as crianças. Logo conheci os grupos de terapia corporal, comecei outra formação e atender crianças em consultório. Aí que minha história começa a ser costurada, como uma colcha de retalhos, os mais bonitos pedacinhos de tecido começam a formar uma linda colcha.
Atender crianças sem atender os pais é complicado. Os atendimentos no consultório iam bem, mas comecei a ter dificuldades com alguns pais. A minha prática com os pais dos alunos me ajudava muito, porém não era suficiente. Chegou o momento que eu vi que não podia continuar assim. Foi então que a formação em Terapia Familiar se tornou necessária. Os primeiros retalhos sendo costurados.
Era o que faltava para minha vida e para a prática clínica.
Até hoje sou aluna assídua do Lama Tartang Tulku da família Niyngma .
Essa história vai se completando com a minha entrada para membro da ATF-RJ. Em 2004, tornei –me Diretora de Comunicação. Neste mesmo ano Associação Americana de Terapia de Família convidou um membro da ATF-RJ para um Congresso em San Francisco, eu fui a representando. Na ocasião, Constance Ahros lançou o livro We are still familly, o qual me inspirei para escrever um livro infantil “Duas casas e uma mochila” que foi lançado em 2008.
O encontro com as pessoas que faziam parte da ATF-RJ foi muito importante para mim do ponto de vista afetivo e profissional, o que me deu força para assumir a presidência da ATF-RJ no período de 2006-2008. Destaco nesse período a expansão da ATF-RJ para Niterói, onde pessoas queridas e capazes acolheram essa força de crescimento da ATF-RJ e promoveram encontros científicos.
Agora, vem uma parte também muito importante da minha formação. Em 1986 eu comecei a estudar os ensinamentos da psicologia e filosofia budista. Até hoje faço parte do Centro Nyingma de Budismo Tibetano e do privilégio de ser aluna do mestre Tartang Tulku Rinpoche. Minha colcha de retalhos foi se completando, até que em 2011 eu participei do II Manual de Terapia Familiar escrevendo sobre espiritualidade.
A tarefa do terapeuta de família não é fácil, é uma arte para mim, não só precisamos dos estudos como também do coração. Então quando a dificuldade aparece, me envolvo nesta colcha de retalhos dos afetos e saberes para ajudar as pessoas a encontrarem habilidades e caminhos mais suaves para viver!

Sonia Mendes
Psicoterapeuta, Terapeuta de casal e família, Associada titular da ATF-RJ.