Encontros e reencontros da minha caminhada na Terapia Familiar

Na minha família de origem as quatro filhas foram orientadas a cursar o “Normal” para tornarem-se professoras, a fim de ter um emprego garantido, se casarem, cuidarem de seus filhos e aposentarem-se cedo. Desta forma me tornei professora, cumprindo a minha missão familiar.

Quando estava trabalhando em Niterói, no estado do RJ, me envolvi no projeto “O que é o CIEP?” Centro Integrado de Educação Pública, idealizado pelo professor Darcy Ribeiro onde em cada unidade poderiam residir quatro famílias carentes. Ali já começava meu sonho de trabalhar com famílias, o qual realizo até os dias atuais, atendendo famílias no consultório, e on-line pelo mundo afora.

Ingressei na faculdade de Psicologia dando continuidade ao meu projeto de trabalhar com famílias onde há um campo fértil.

Para me aprimorar iniciei o curso de Psicanálise no Colégio Freudiano do Rio de Janeiro e, lá, convivi durante anos com grandes mestres da UERJ e UFRJ. Mergulhei profundamente no conhecimento do saber inconsciente através da teoria e os casos clínicos sobre sintomas familiares de Freud e Lacan.

Já havia cursado uma pós-graduação em Saúde e Educação, quando fui convidada, por uma amiga, para dar aula no curso de Psicopedagogia frente ao contexto Família-Escola. Ali, durante muitos anos, ensinamos aos professores a lidarem com os sintomas apresentados pelos familiares dos seus alunos. Na época, havia tomado conhecimento, através do nosso saudoso Dr. Roberto Robalinho, da Núcleo Pesquisas no Rio de Janeiro, Escola de Terapia Familiar. Entrei no curso e aprofundei meus estudos sobre a criança, o adolescente, o casal e a família, até chegar ao curso de supervisor, quando fui convidada pelo Dr. Moisés Groisman a supervisionar por longos anos na Núcleo. Foi então que passei a conhecer grandes nomes da Terapia Familiar, tais como Monica McGoldrick, com a qual aprendi sobre o Genograma, em um congresso da Núcleo, e tantos outros, como Maurízio Andolfi que nos ensina tão bem a trabalhar com a criança na família, Bowen que nos mostra através do seu atendimento às famílias, como separar a razão da emoção e muitos outros grandes nomes.

Na época reencontrei duas amigas na Núcleo, e juntas resolvemos fundar o Caapsy (Centro de Atendimento e Aperfeiçoamento em Psicologia) onde ministramos cursos e supervisão para os alunos com atendimento às famílias carentes, usando o espelho unidirecional. Fundamos também o Cine-Caapsy temático com o objetivo de abordarmos através dos filmes os dramas familiares. 

No ano de 1995, em um congresso de Terapia Familiar conheci a ATF-RJ e me tornei associada dessa família, assim como da ABRATEF.  Passei a fazer parte das comissões e contribuí como tesoureira da ATF-RJ por alguns anos e, até hoje, participo das comissões acompanhando o árduo trabalho das presidentes ao longo dos anos, até os dias atuais.

A ATF-RJ se liga diretamente à ABRATEF construindo pontes entre os terapeutas por todo o Brasil e formando redes por todo o mundo como por exemplo, o Relates, que é a ligação entre escolas de terapia familiar em Portugal, Espanha e América Latina, ao qual o Caapsy também é associado. 

A ATF-RJ traz na sua origem uma marca de pertencimento quando propicia aos seus associados um grande entrosamento através das palestras, cursos, reuniões e congressos. Principalmente, desde o começo da pandemia, quando foi mantido esse acolhimento, que fez uma grande diferença na força do trabalho on-line dos terapeutas e no apoio aos clientes que tiveram que ficar em casa. 

Ana Maria Oliveira Zagne 

CRP: 05/09144
Psicóloga Clínica, Psicanalista, Terapeuta Familiar Sistêmica, Casal e individual.
Fundadora, supervisora e professora do curso de Terapia Familiar do Caapsy.
Membro da Diretoria de Relações Institucionais da ATF -RJ, Associada ABRATEF.