Minha história é cheia de curiosidades, ah sim, muitas. Sempre fui muito curiosa e sempre gostava de ouvir as histórias de todo mundo. Assim, juntou a fome com a vontade de comer, pois tinha sempre alguém que gostava de me contar uma história.
Comecei minha trajetória profissional na área organizacional mais especificamente com recrutamento e seleção de pessoal em São Paulo. Lá, eram muitas histórias da vida das pessoas. Segui por esse caminho ouvindo todas essas histórias e tentando adequar o lugar certo a pessoa certa. Poxa, mas é difícil, não é? Qual era o lugar certo para a pessoa certa? Existe isso?
Comecei então a perceber que eu queria mais do que simplesmente avaliar uma pessoa e tentar encontrar um lugar onde ela pudesse se desenvolver profissionalmente. A cada dia, fui percebendo que eu queria além de poder ouvir aquelas histórias, também ajudá-las a encontrar um caminho na vida delas.
Passados alguns anos, já casada e com duas filhas, foi através de uma amiga que fui apresentada a formação em Psicomotricidade. Nossa, me encantei!! Trabalhar com crianças, ouvindo as histórias dos pais delas e as expectativas deles em relação ao desenvolvimento dos filhos… Estava tudo dando certo e estava feliz com essa nova perspectiva.
No entanto, tivemos uma reviravolta na vida da nossa família, e bota reviravolta nisso, e decidimos morar em outra cidade. Lá, montei meu consultório e dei continuidade a minha trajetória com a terapia individual e a psicomotricidade infantil.
Dando mais uns saltinhos no tempo, conheci uma pessoa, Suely Engelhard, que ocasionou transformação e mais uma mudança no rumo da minha vida. Sim, mudanças andam de lá para cá e de cá pra lá comigo. Por seu intermédio me aproximei da Terapia de Família e da Núcleo Pesquisa, instituição coordenado pelo Dr. Moisés Groisman, com quem fiz a minha formação como Terapeuta de Família. Foram muitos anos de estudo e prática até chegar a ser supervisora. Foi nesse momento que percebi que não adiantava trabalhar apenas com a criança e sim, olhar o sistema como um todo. Foi uma mudança paradigmática, trazer os pais para os atendimentos, fazer um trabalho em conjunto com eles e assim ouvir todos os lados das histórias.
Com a mudança para Niterói, escutei sobre a Associação de Terapia de Família do Rio de Janeiro – ATF-RJ. Nossa, me encantei de novo e minha curiosidade novamente me aguçou! Decidi então me tornar associada titular e lá aconteceram várias novas histórias.
Já com as duas filhas adultas e não mais morando comigo, abri espaço e pude ocupar algumas funções na Associação. Estive diretora de comunicação (2008-2012), vice-presidente (2012-2014) e presidente da Associação (2014-2016). Foram histórias que não acabavam mais e com muito orgulho entrei para a família ATF-RJ. Entre 2016 – 2018, estive presidente da ABRATEF – Associação Brasileira de Terapia Familiar. E hoje estou Diretora de Comunicação da ATF-RJ.
Nessa trajetória fui interagindo com outros grupos, fazendo cursos e formações como psicoterapia junguiana, orientação profissional com visão sistêmica, EMDR, Brainspotting, psicodrama e para celebrar essa história fiz em Roma o Trabalho do self do Terapeuta com Mauricio Andolfi e o curso das Emoções do Terapeuta com Paolo Bucci e Carmine Saccu e assim fui agregando mais histórias na minha vida.
Na minha prática profissional eu já fazia atendimento online, mesmo antes da pandemia, e como muitos colegas, durante esse período crítico, passei os meus atendimentos presenciais para totalmente online, entrando assim “na casa” dos pacientes e escutando as histórias “in loco”, ou seja, onde elas aconteciam.
Hoje, posso dizer que a minha curiosidade é, e sempre foi, um grande recurso que utilizo nos meus atendimentos, trazendo a escuta ativa para entender e acolher todo tipo de história que o paciente possa querer compartilhar.

Vera Risi
Psicóloga clínica, Psicomotricista, Orientadora Profissional, Terapeuta de Casal e Família, Associada Titular da ATF-RJ.