Workshop com Gene Combs
Sua intenção é abrir corações e mentes para uma conversa sobre privilégios, um tema que requer sensibilidade ao ser abordado. Trazer visibilidade para o tema e para ações na nossa prática terapêutica é um foco.
Gene Combs
Co-diretor do Centro de Terapia de Família de Evanston (Chicago/EUA), Professor de Psiquiatria na Universidade de Chicago e Premiado pela AFTA (American Family Therapy Academy).
Lia Ganc
Diretora da Comissão Científica da ATF-RJ
Rosane Porto
Presidente da ATF-RJ
Workshop Internacional com Gene Combs
Dando sequência ao ciclo de Privilégios, falar de Privilégios dos Brancos é um ato político. Importante romper o silêncio.
Gene Combs vem se dedicando a pensar como nós, brancos, recebendo a bagagem européia fomos absorvendo privilégios simbólicos e materiais bem distintos dos povos não brancos que habitavam as terras conquistadas.
Privilégio é a liberdade de ignorar coisas que outras pessoas são levadas a confrontar. Muitos de nós , terapeutas de família, usufruímos da liberdade de não sermos confrontados com situações de limitações ou constrangimentos ,diferente de pessoas de outras origens. Muitas pessoas que atendemos não vivem essa liberdade.
Privilégios dos brancos é o poder garantido, que a identidade branca assume, que exercemos quando agimos como se o status e o conforto que a branquitude nos dá é algo que ganhamos ou merecemos como um direito herdado.
No curso da história muitos povos legitimaram seus privilégios ao considerar outros povos como menos humanos – os egípcios escravizaram os hebreus, os turcos perpetraram o massacre e subjugaram o povo armênio, na 2a. guerra mundial os alemães também perpetraram o massacre e o encarceramento de vários povos e minorias uma vez que buscavam a hegemonia da raça pura.
A intenção de Combs é abrir corações e mentes para essa conversa. É um tema que requer sensibilidade ao ser abordado. Trazer visibilidade para a questão é um foco. Como nos conectar com o lugar do cuidado, da busca pela equidade, da retidão, do respeito a igualdade de direitos, com o lugar do luto e da reparação, como equilibrar a balança.
Viola Davis diz que quando você está invisível você não tem oportunidades.
Sua intenção é também trazer o foco para ações. Como nós terapeutas podemos ser ativos para viabilizar uma sociedade mais justa no que diz respeito a educação, moradia, acesso a saúde, riqueza e segurança básica no que diz respeito aos povos não brancos e menos privilegiados? Essa pergunta vale para nossas práticas coletivas com jovens em comunidades, com pessoas em vulnerabilidade usuários de hospitais psiquiátricos dentre várias práticas ou nas práticas privadas. O povo brasileiro é proveniente de uma enorme mistura de povos que se orgulha disso mas vale usufruir da chance de refletirmos acerca do outro lado da moeda.
Combs se situa como um privilegiado: branco, homem, cis-gênero, nascido em uma família de classe média alta, possui título de mestre na universidade, que o coloca na posição de ser convidado a escrever um artigo e onde ele pode abrir espaço na mesma revista para um autor de cor, queer e para pessoas que nasceram na pobreza ou que foram marginalizados de alguma forma.
Lia Ganc
MdFamily Therapist
Sector of Family Therapy
Institute of Psychiatry Federal University of Rio de Janeiro
liaganc@yahoo.com.br