Minha experiência na deficiência auditiva

 Sempre fui muito interativa e com vários interesses, assim sempre fiz parte de vários grupos de amigos, de trabalho, de cursos e de lazer.

 Falante e interessada na escuta de histórias, sejam na área profissional, seja na área informal. Todavia, há mais ou menos oito anos comecei a perceber a dificuldade de discernir alguns fonemas, posteriormente palavras e/ou frases quando não bem articuladas.

Por estas dificuldades fiz consultas com otorrinos e me submeti a audiometria, sendo detectada perdas auditivas por fatores de desgaste, que se diferencia de pessoa para pessoa, e orientada ao uso de prótese auditiva.

Desta forma, há seis anos comecei a usar os aparelhos e a encarar a dificuldade de adaptação e a revisão de manutenção necessária. Por ser muito disciplinada e persistente nos meus propósitos, fui utilizando e me adaptando aos poucos ao aparelho. Entretanto ao longo do tempo, constatei que a audição não é a mesma e que requer muito esforço para não abandonar o uso do aparelho.

O atendimento dos quatro primeiros anos foram seguindo seu curso de forma agradável pelo atendimento da fonoaudióloga da empresa, que com sua dedicação e acolhimento, facilitaram-me aceitar com paciência o que era irremediável. Entretanto, como tudo é descartável, o aparelho foi ficando sem as peças necessárias, obrigando-me a outras adaptações para mantê-los por mais um tempo.

Hoje, o novo aparelho, mais atualizado, certamente me exige mais adaptações e um acolhimento correspondente da fonoaudióloga.

Contudo, há momentos desagradáveis, socialmente, quando não entendo o que é falado e surge a pergunta: Está sem o aparelho? Ou mesmo de risadinhas por eu ter entendido o assunto de forma incorreta.

Não ficar alienada socialmente vale todos os sacrifícios necessários, bem como a aceitação de que não há volta.  Entretanto, há maneiras de se manter interagindo e presente no que gosto de fazer, sem omitir a deficiência, o que nunca fiz, e solicitando a colaboração, quando for necessário esclarecer a escuta.

É difícil para as pessoas, que não passam por determinada experiência, empatizarem com os sentimentos e angústias de uma deficiência, mesmo quando as dificuldades são visíveis

As escolhas, a persistência e a amorosidade são as variáveis necessária para não se desistir e se manter o sentido da vida.

Norma Emiliano
Assistente social aposentada, psicóloga, terapeuta de família, escritora e poeta.
Blog: pensandoemfamilia.com.br
Instagram @ entrvozes.biblioterapia.