Recebi o convite para escrever esse texto para a ATF-RJ com muita satisfação, a princípio pensei em escrever sobre como me tornei uma terapeuta familiar, porém refletindo, percebi que nasci terapeuta.
Imagina uma menina que sentava ao lado da avó para ouvir histórias? Eu fui essa menina! Não eram contos de fada, de aventura ou de terror, eram histórias de família. Eu perguntava tudo! Queria saber sobre os bisavós, que não conheci; perguntava como meus avós se conheceram e sobre os tios avós que já tinham falecido. Minha avó tinha uma caixa cheia de fotos, cartas, cartões postais e documentos. Eu adorava ver e rever essas lembranças ao lado dela.
Quando vovó faleceu, seu filho mais velho, chamou todos os outros filhos e os netos para escolherem o que queriam guardar como lembrança. Sabe o que eu escolhi? A caixa de fotografias, cartas e outras lembranças que foram importantes para ela. Lá se vão mais de 20 anos e de lá pra cá me aperfeiçoei, através de muito estudo como terapeuta.
A menina curiosa sonhava em ser professora, e assim aconteceu… Minha escolha no ensino médio foi a Formação de Professores, anos mais tarde, ingressei na faculdade de Pedagogia, e acreditava assim que estava reafirmando a escolha da menina.
Logo depois surgiu o desejo de fazer uma pós-graduação, com o objetivo de aprimorar minha prática profissional, optei pela Psicopedagogia, mas ainda no curso me encantei pela atuação clínica.
Busquei um curso que fosse mais vivencial e fiz o curso de Avaliação e Intervenção Psicopedagógica Sistêmica, onde conheci a Terapia Familiar e me apaixonei. Foi um caminho sem volta, fiz a especialização em Terapia Familiar Sistêmica e muitos cursos dentro da área, e logo estava atuando.
Em 2016 me associei a ATF-RJ, onde ampliei ainda mais o horizonte, através dos cursos, lives e os congressos tão enriquecedores.
Foram quase 11 anos me dividindo entre escola, consultório e cursos de atualização e aperfeiçoamento. Chega à pandemia do coronavírus, a clínica onde eu atuava fechou, confesso que de início, fiquei paralisada, sem encontrar um caminho. Um mês se passou, resolvi iniciar os atendimentos on-line, a aceitação dos pacientes me surpreendeu, logo estava com atendimentos até para fora do país. As escolas também estavam fechadas, as aulas passaram a ser on-line e por ser do grupo de risco, continuei nessa modalidade até tomar segunda dose da vacina. Foi um tempo de muito aprendizado e crescimento profissional, percebi que era possível abrir mão do magistério para me dedicar integralmente a Terapia Familiar, minha paixão, ainda que inconsciente, desde menina. No início desse mês me despedi do magistério… Coincidentemente, 4 dias depois, recebi o convite para escrever esse texto, me fazendo voltar no tempo e no percurso até aqui.
São quase 16 anos de formação e atuação na Terapia Familiar, e hoje, entendo a menina que sentava ao lado da avó para ouvir as histórias de família.
Me dedicando integralmente ao que amo fazer, me sinto completamente realizada. Olho para trás e vejo a menina sorrindo e agradecendo pelas minhas escolhas. E eu retribuo o sorriso e agradeço a curiosidade dessa menina que me fez ser uma amante das histórias familiares.
Emilene Reboredo
Terapeuta Familiar Sistêmica