A campanha NOVEMBRO AZUL é uma iniciativa para promover ações positivas em prol do cuidado integral à saúde do homem, como forma dessa causa ser lembrada pela população.
Inicialmente voltada para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata, hoje visa promover a mudança de comportamento dos homens em relação à sua saúde de forma geral.
O gênero masculino é o que menos recorre a cuidados preventivos. Resultado disso é que o câncer de próstata, por exemplo, mata mais por ser diagnosticado tardiamente (se tivesse o diagnóstico precoce, haveria 90% de chances de cura!). A estatística o coloca como o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). O câncer de próstata é uma doença de início silencioso (sem sintomas) e sua prevenção é fundamental para diminuir os índices de mortalidade. Temos aqui um problema adicional ligado ao gênero masculino: em geral identificam os cuidados com a saúde, como sinal de fraqueza – “coisa para mulheres e crianças“. Com isso os homens se tornam mais vulneráveis e tem sobrevida menor, cerca de 7 anos a menos do que as mulheres. Outras condições mórbidas, como hipertensão, doenças coronarianas, diabetes, obesidade, tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, estresse etc também colaboram para isso, tendo como principal motivo a negligência com os cuidados preventivos com a saúde integral.
Sabemos o quanto as doenças que acometem as pessoas impactam a vida de suas famílias. De uma maneira geral, as doenças podem ser agudas ou crônicas. A forma aguda, como por exemplo o infarto do miocárdio, subitamente pode levar à morte ou a limitações da vida funcional de um sujeito. A crônica, por sua vez, impõe adaptações que comprometem o indivíduo e atingem o funcionamento das famílias. Os danos sofridos envolvem diferentes consequências, seja na redução da renda familiar, seja nos custos que os tratamentos de média e longa duração impõe à família, além dos fortes impactos físicos e psicossociais, com mudanças importantes de papeis e funções dentro da família. Cabe lembrar que na nossa sociedade, o homem ainda ocupa a função de provedor da família, a despeito da crescente participação feminina. Tudo isso gera consequências e reforça a importância de medidas preventivas com o foco na atenção primária de saúde, o que viria a diminuir consideravelmente os impactos psicossociais.
A notícia alentadora é que o Ministério da Saúde informa que há um aumento de 50% no número de atendimentos individuais para o sexo masculino, desde 2018 em homens entre 40 e 59 anos. Precisamos nos juntar às promoções de saúde no âmbito das famílias, procurando incentivar e conscientizar as famílias e os homens, em especial, a serem mais responsáveis no cuidado de sua saúde e qualidade de vida.
Jose Roberto Muniz
Psiquiatra, Psicanalista e Terapeuta de Família
Membro titular da ATF-RJ