O cuidar, os caminhos do apaixonamento

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Graduada em Serviço Social em 1974 com a abordagem bio-psico-social, a minha prática teve início quase que imediatamente; tive a oportunidade na Empresa (Banco do Estado da Guanabara) em que trabalhava de realizar o projeto de implantação deste serviço aos funcionários. Nesta permaneci até ingressar na Legião Brasileira de Assistência em 1978, onde assisti aos indivíduos, coordenei grupos, atuei em trabalhos comunitários e supervisionei instituições conveniadas. Foram muitas realizações.

Em 1991, já insatisfeita com as mudanças ocorridas na instituição, senti necessidade de novas motivações e encontrei o evento realizado pela Núcleo-Pesquisa Moisés Groisman sobre Terapia de família. Fui atraída por tudo que vi e ouvi; quando foi anunciado o curso de formação em Terapia de Família me inscrevi e me apaixonei. Foram seis anos mergulhados neste estudo.  Em 1995, passei a ser associada titular da ATF-RJ.

 Concomitantemente, iniciei a prática Divisão de Perícias Médicas (acompanhamento ao servidor periciado) da Universidade Federal Fluminense, com o aval da chefia imediata. Foram atendimentos que solidificaram em mim o pensamento sistêmico e o atendimento através desta abordagem.  Dai surgiu meu gosto pela escrita de contos para a devolução de alguns casos. Em seguida, comecei a atender em consultório, a princípio em coterapia e, posteriormente também de forma solo.

No decorrer do tempo, por motivos legais (impasses com o Conselho de Serviço Social) cursei a faculdade de psicologia. Foram vinte sete anos de prática clínica apaixonada, interrompida com a pandemia. 

Em 2017, a formação em Biblioterapia com Cristiana Seixas e, posteriormente seus círculos de Biblioterapia, reacenderam a paixão pela escrita, principalmente pela poesia, que passei a utilizar como instrumento de cuidar de mim no período do confinamento pandêmico.

Através da publicação de livros, dos compartilhamentos das minhas poesias pelas redes sociais e retornos, tive a clareza de que estava indo além do cuidado pessoal. Desta forma, passei a considerar a poesia associada à terapêutica, recurso de acolhimento dos sentimentos, das emoções e das dores; forma de ajuda através das identificações que surjam daqueles que minhas escritas sensibilizam.

Muitas são as vozes que me habitam na solitude da escrita, percorri diversas veredas, e como o barco a vela, fluo com as marés; ora são ondas calmas, outras tão fortes que exigem tempo para me recuperar. Nestes tempos, aporto na escrita, sigo a correnteza dos meus sentimentos.

Norma Emiliano

Assistente Social, Psicóloga, Terapeuta de Casal e Família, Escritora, Poeta.
Membro da Comissão de Comunicação 2020/2022, Membro Titular da ATF-RJ/ABRATEF