O câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres e sua alta incidência é um problema de saúde pública que afeta o Brasil e o mundo. Os dados atuais não devem ocultar o fato de que o sofrimento das mulheres com câncer de mama vem de muito longe, tornando-o um problema de saúde pública.
O adensamento da política nessa área tem, contudo, ainda enfrenta uma série de obstáculos para fazer frente ao problema ao qual se dirige. Diferentes fatores contribuem para isso: a complexidade dos elementos inclusos em uma doença multifatorial e que requer abordagem multiprofissional; a crescente demanda populacional contrastando com uma estrutura deficitária para exames e atendimentos; a desvalorização e falta de informação de muitas mulheres sobre seu corpo; o tabu incorporado por elas em tocar o próprio corpo; o medo da doença (INCA, 2005).
Além disso, muitas mulheres que descobrem nódulos em seu corpo não procuram atendimento imediato, seja por medo de enfrentar a doença, por dificuldades relativas à vida profissional, dificuldade no acesso as informações, postos de saúde e exames, fazendo com que a busca por diagnóstico e tratamento somente ocorra quando o tumor se encontra em estágio avançado. Diante dessa realidade, e o aumento progressivo do câncer de mama, inclusive, em faixas etárias inferiores a 50 anos de idade, resulta em um aumento na taxa de mortalidade.
Algumas mulheres atingidas pelo câncer de mama, além de todo o sofrimento que lhes reserva a doença e de toda a desorganização que esta impõe a suas vidas enfrentam problemas nas relações conjugais e familiares. Por isso, é de suma importância a necessidade de apoio psicossocial às mulheres e suas famílias, porque o câncer gera uma sobrecarga emocional muito grande sobre o/as doentes, seus familiares, cuidadores formais e informais.
A mastectomia (retirada total da mama), interfere na imagem corporal e na sexualidade das mulheres, no âmbito das relações privadas e conjugais. Os impactos podem ser grandes na vida de uma mulher, são muitos fatores ligados a família, trabalho e conjugalidade, principalmente para aquelas que são provedoras de suas famílias e não tem trabalho regulamentado.
Contudo, para algumas mulheres, após o câncer de mama, o relacionamento conjugal e familiar melhora de todas as formas. Para outras, a violência física e verbal cessou, pois o câncer permitiu a ressignificação da relação familiar, dando limites antes difíceis.
Como podemos ser capazes de transformações significativas e positivas a partir de uma grande dor e um estresse contínuo? Esse é o processo de empoderamento e autonomia de muitas mulheres nos âmbitos pessoal, familiar e social quando se vai além da doença!
Buscar apoio para si e toda família, tratamentos no tempo certo é fundamental para salvar vidas!
Fazer exame regularmente, ter informações corretas e apoio psicológico salvam vidas!
Ana Cristina Barros Fróes
Psicóloga, Diretora de Relações Institucionais ATF-RJ
www.atfrj.org.br ( apoio a casais e famílias) | www.adama.org.br | www.inca.gov.br
Excelente texto sobre uma temática que faz parte da saúde pública.