Minha trajetória na Terapia Familiar Sistêmica, começou durante meu precioso percurso na Fonoaudiologia. Nessa prática profissional, realizava sessões na casa das crianças que eu atendia, observando o “modus vivendi” de cada família e uma vez por mês, abria um horário para acolhimento/orientação dos pai/avós e pessoas envolvidas com os cuidados das crianças, o que tornava muitas intervenções mais eficazes abreviando o tempo de tratamento.
Além dessa estratégia terapêutica que fazia parte do meu cotidiano, visitava escolas, conversava com os professores e em alguns casos, mantinha contato com os médicos e psicólogos que tratavam dos meus clientes, no intuito de conhece-los além das paredes do meu consultório. Concluo então, que a visão sistêmica, sempre foi uma aliada em tornar breve a superação das dificuldades. Sinto que esse olhar é uma consequência de uma visão ampliada do mundo.
Era visivelmente mais produtivo o tratamento, quando as famílias além de se envolverem, se abriam a mudanças de olhares e comportamentos que colaboravam de forma determinante para o sucesso do trabalho. Aí começou meu namoro com a Terapia Familiar Sistêmica resultando num casamento de verdade.
Quando essa certeza se solidificou, decidi ingressar na minha formação, acreditando que estava colocando meu saber num lugar mais útil e preventivo no que tange à proteção emocional necessária para acolher a vulnerabilidade inerentes à infância, adolescência e juventude.
A partir daí, inaugurei um novo mergulho nas relações interpessoais e suas intercorrências iniciadas no seio da família, bem assim colocado, uma vez que é dela que vem nossa nutrição física e emocional.
Foram muitos acolhimentos individuais, de casal e terapia familiar, onde a cada avançar na qualidade e bem estar dos indivíduos, meu desejo de buscar ferramentas que auxiliassem na compreensão do quanto somos influenciáveis e o quanto influenciamos, me levavam à busca de conhecimentos que antecipadamente me deram a certeza que não cessaria. Nessa caminhada sempre contando com o apoio profissional e de novos saberes da Associação de Terapia Familiar, principalmente durante o impactante período da pandemia da Covid -19.
Em paralelo aos aprendizados da ciência, existia uma menina com muita curiosidade pelas histórias das pessoas, um interesse genuíno e sincero sobre como elas se sentiam, o que tinham para contar e o que as constituíam. Como resultado das múltiplas vivencias tive oportunidade de publicar na área da Fonoaudiologia o livro “Mulher, a Vez e a Voz” e na área da Terapia Familiar em parceria com Monica Lobo, um capítulo sobre “Intimidade” no livro “Reflexões Terapêuticas em tempos de pandemia”.
Minha primeira opção inexoravelmente, sempre foi o ser humano. Desde criança, o que mais gostava era das brincadeiras coletivas, nos esportes os de equipe, nas tarefas escolares os trabalhos em grupo, nas saídas noturnas com a turma era sempre mais divertido, enfim, gente sempre estava no topo de minha lista, apesar da complexidade das relações humanas, o que tornava mais desafiador.
Foi com essa característica nata, que desenvolvi minha habilidade de ouvir interessadamente, de interagir, compreender, me colocar no lugar do outro e finalmente por conhecer a dor, buscar ajudar na minimização desse sentimento e suas matizes emocionais.
Sou muito feliz por ter tido a sorte de conciliar talento com atividade profissional, é maravilhoso quando uma profissão e uma paixão caminham juntas e de mãos dadas : essa sou Eu!!!

Sonia Cavour
Fonoaudióloga Terapeuta Familiar
Experiência clínica há 35 anos.