Voluntariado paixão, doação e realização

Quem não lembra da “febre”, da corrida ao trabalho voluntário quando foi instituído que valeria pontos no currículo e ajudaria a encontrar um emprego ou em entrevistas sobre carreira, especialmente no início da vida profissional? Você podia provar ser um bom cidadão e uma pessoa altruísta ao se voluntariar.

Interessante ver que o que era uma imposição que causava às vezes adesão, às vezes desconforto e às vezes revolta, acabou virando cultura em nossa sociedade. Tantas iniciativas sociais surgiram. Todas muito trabalhosas, algumas glamurosas. Foram criadas orquestras de jovens, escolas de dança, de artes marciais, acompanhamento nos estudos, ensinamos a empreender, a cozinhar. Um mundo se abriu e a cidade pareceu se unir e integrar as pessoas no esforço para conquistar mais igualdade de condições para todos. Uma sociedade mais justa.

Quem poderia dizer que treinar “oficialmente’ várias gerações de jovens na doação de seu tempo e talentos, seria tão útil nesses tempos de pandemia para socorrer os indivíduos, famílias e comunidades que estão mais vulneráveis, tanto nos aspectos materiais quanto nos afetivos, emocionais?

Adivinhem quem ocupou predominantemente o campo da saúde emocional, psíquica, dos sistemas familiares? Nós, os terapeutas! Começamos com as nossas mestras e mestres desde a supervisão e formação a atender indivíduos e famílias que não conseguiriam realizar o seu processo terapêutico e as suas transformações sem o porto seguro dos nossos professores e colegas. Esses muitos atendimentos de certa forma recatados e cuidadosos de cuidar do outro, cuidou de nós também. Nos vinculamos ao voluntariado para nele trabalhar, aprendendo sempre, consolidando nossos conhecimentos, conversando com os colegas que nos fazem companhia nas muitas reuniões de estudo e preparação. Estamos no campo e na luta compassiva pela saúde mental e dos sistemas em que estamos inseridos.

Compaixão, disse Tereza Cristina do alto de seus muitos anos de prática como terapeuta e voluntária. Sem alarde vamos recebendo o reconhecimento, o amor e a gratidão de muitos. Vamos nos aquecendo, vendo a resiliência e ampliação da consciência gerar solução e criatividade transformadora. Tantos redescobrindo sua coragem, suas habilidades, seus afetos para transmutar de um modo de viver para outro. Inclusive nós.

Quer estar sempre bem acompanhando em uma viagem transformadora? Experimente ser voluntário. Venha participar dos Programas de Atendimento Social e Acolhimento da ATF_RJ.

Cassia Zanini

Psicóloga e Voluntária.
Membro da Comissão de comunicação da ATF_RJ